sábado, agosto 29, 2009

Poema Sobre O Meu óbvio Futuro

(Quando o sentimento vêm antes da condição de entendê-lo, o enigma deixa a forma abstrata para se impor, tão óbvio em suas nuances, ainda que décadas sejam necessárias para enfim entender seu sentido)

As vezes eu olho para o horizonte
Como se houvesse nas entrelinhas desse olhar
A certeza de ainda ser, e então o hoje substituir o amanhã

Ao olhar para trás, entender os desafios que foram impostos por outros hojes
E a cada inicio enfrentar o que se impor
Para querer hoje o amanhã

E ainda que o amanhã apesar de se exibir e ludibriar
E me desafiar a alcança-lo
Consigo sempre me iludir e escapar como se escorresse entre os dedos

E mesmo que eu tente explicar que já deixei de sentir o amor que outrora senti pelo hoje
E que preciso ficar só, mas que nunca o esquecerei
Sou incapaz de encontrar o hoje no tempo que pensou
Todas as lembranças que eu pensei ter divido com o hoje, foram divididas com o ontem ou com os dias atrás...

Meus dias foram de alguém que vive no passado, meu presente impõe alguém que já não é capaz de surpreender e em vão eu busco o amanhã, que se diverte em perseguir a idéia de encontrar, mas enfim é abusca que motiva
E toda energia será empregada pela missão, mas sempre que a resposta estiver ao alcance, desvios serão criados
Pois de fato, não é a resposta e sim a busca que obriga ir em frente e não desistir
E para que toda a existência não reste irrelevante, sempre haverão perguntas

sábado, agosto 08, 2009

Para Aquele Que Eu Dedico O Amor Mais Honesto ou Obrigado Por Me Deixar Chorar

O telefone tocava para confirmar o que já havia se tornado lei
E ainda que não havia mais nada que ainda já não tinha sido dito

Sempre tinha muito para se falar
E as palavras voltavam a soar como um eco
E ainda assim, soavam como indispensáveis para os devaneios

E na embriaguez repetida da amizade
Toda cumplicidade pela felicidade de se saber compreendido, mesmo que imperasse a discordância
Do abraço e do carinho que não exige nada além de reciprocidade

E para aqueles olhos que brilham ao entender as lágrimas
Ainda que carregue no coração qualquer indecifrável tristeza
Que obriga a alma sentir o golpe de uma dor qualquer que pareça irremediável
E o insucesso de procurar a verdade que possa curar ou aliviar o sofrimento

E de repente o vazio impede a descoberta de qualquer pensamento ou sentimento racional capaz de fazer sentido
E sem respostas sucumbir ao desespero, e exausto impedir que as palpébras pesem sob os olhos e as pernas fraquejem não por falta de coragem, mas pelo medo em não saber o que o desconhecido trará
E o futuro parece estreitar de um jeito onde todas as possibilidades acabem em uma dor profunda e infinita

É nesse instante, no momento que a esperança se transforma em desespero
E independente do que parece real, que tudo parece inútil, como um grande desperdício de energia
Pela falta de esperança que parece que não permitir desvios para escapar da dor e da solidão
E reside nessa desesperança, o corpo abatido, exausto, preparado para desistir
Quando minhas forçam falham e já não sou capaz de lutar
Tenho em tí a força capaz de começar de novo

Ainda que seja para mim, tão claras as tuas incertezas
E ainda que eu saiba de tuas fraquezas
E que por vezes a força que me falta, também falta em tí
E tu parece querer desistir
Ninguém é capaz de compreender a dimensão do vazio que te persegue
Ninguém parece capaz de decifrar a dor que corrói a tua sanidade

E no meio de todos aqueles que não são capazes de entender o que te faz infeliz
É na cumplicidade do amigo, que divide contigo angustias e incertezas
Que ainda que seja incompreensivel os motivos da qualquer tristeza

Os elos que se combinam e entendem a dor que é repartida, mesmo que as razões sejam outras
Mesmo que o sofrimento seja em função de sentimentos completamente opostos
A consciencia do saber do sofrer
Faz com que as diferenças dos motivos se conectem e há um entendimento mútuo e um respeito tácito pelo sentir de cada um
Mesmo que a dor do outro parece ridicula infantil, há um sentimento de preservação porque o que está em jogo não é de fato o teor da opinião
Mas a certeza de poder abrir o peito, e admitir as fraquesas para alguém que não poupe esforços para apenas ouvir

Dessa forma, permitir o desabafo mesmo que não faça sentido
E ainda que não tenha forças para entender os próprios devaneios
Encontre meios para estar presente
Sabendo que assim que a esperança esvair
E o medo paralisar qualquer ação
Basta erguer a cabeça, receber o abraço, e nesse momento
Sentido a segurança, a permissão de sentir medo, tristeza, solidão
Saber que entre todas as possibilidades de se relacionar com os outros que existem

Nenhum amor é maior que aquele chamado de amigo
Não há obrigações nem interesses
Apenas a certeza de não estar sozinho
O amor que não exige nada além de cumplicidade...

sábado, agosto 01, 2009

Ainda que tenha estado no mesmo lugar durante todo o tempo
Surpreendeu-se ao perceber que então estava perdido
E a certeza de estar seguro onde passou a eternidade, se perdeu no vazio
Num rompante inesperado, por descuido e insensatez
Parou no instante e gritou para o céu: porque?

E as verdades foram se distanciando, e a realidade fugiu para se esconder no impossível
E mesmo que tentasse esquecer, perderá o poder de sua inquietação
E não podia impedir que a palavra ecoasse além do horizonte

E por ande passava criou incerteza
E fez o mundo parar
Desde então nunca mais a história aconteceu por que sim

O Circo Brasil

Enquanto a maioria dos olhares deixam-se embriagar
Por alguma atração qualquer
Os movimentos sutis aumentam atrás dos pescoços
E assim como ilusionistas e mágicos
Os senhores do mundo criam distrações
Para desviar a atenção de seus desmandos

E nós como bons cidadãos
Aplaudimos os palhaços que distribuem sorrisos falsos e pães quentes
E concordamos satisfeitos com abeleza do espetáculo
E mesmo que o nariz redondo e vermelho esteja em nossos narizes
Não enxergamos os verdadeiros palhaços que refletem no espelho

A cada três meses tem outra festa popular
E de novo somos felizes
Tem sempre um carnaval para esquecer as tristezas
E o Brasil com seus brasileiros
Tem sempre motivos para sorrir

E a ignorância é enfim uma dádiva
Sorridentes trocamos evoluir
Por roupas coloridas e sonhos de justiça