E a cidade não tem nada para oferecer
Além de sombras decadentes influenciadas por razões vís
Insisti em seguir caminhando
Pelos mesmos óbvios caminhos tediosos da cidade
Esquivando das aparições etéreas dos personagens superficiais
Porque precisava caminhar por aí,
Porque precisava descobrir algum sentido,
Porque precisava de alguma justificativa,
Porque precisava inventar qualquer razão
Mas tudo que encontrei, se resumiu a imagens apagadas
Almas transparentes, corpos cinzas normais
Resignados a vagar a esmo, sem motivos ou motivações
E não havia coisa qualquer na cidade entendiante
Não havia surpresa alguma em lugar nenhum
Nessa cidade que se esconde, mesmo antes do sol nascer
Não existe inconformidade
Não existe rebeldia
Não existe surpresa
Enquanto minha cabeça viaja
Em absurdas direções
A cidade silencia e dorme
Feito criança pequena
Sonâmbula, em descanso profundo
Ignorante e alheia
Segura e previsível
Distante de todo absurdo e de toda mágica
Que reina nas fantasias lisérgicas
Das verdades da madrugada
Adormecida, como se tivesse desistido
Imóvel, como se tivesse medo
Quieta, escondendo-se de tudo
Com medo que percebam que ainda respira
Que ainda não morreu
E ainda assim, perdida e escondida nessa letargia urbana
Existe uma energia surpreendente
Que luta para transpor essas tantas barreiras
Um grito quase inaudível de rebeldia
Preso entre as paredes opressoras da maioria
Contra a força obscura do comodismo
Um desejo sincero de se transformar
Fazer da realidade, movimento
Fazer do tempo, aliado da mudança
O passado como caminho para evoluir
E não como verdade absoluta
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