Eu fechei a mochila e botei nas costas
Caminhei até a porta em silêncio
Antes de partir, olhei por sob os ombros
Guardei essa última recordação
A sala vazia, com retratos felizes
O cheiro das flores e a mesa posta
Da cozinha podia sentir o aroma de comida caseira
E vozes conhecidas abafadas, misturadas com o som do rádio ligado
Bati a porta e caminhei até o portão
Da janela minha mãe acenava
Tinha um sorriso no rosto misturado com lágrimas
Que me dizia boa sorte
Pra encarar o desconhecido
Desfrutar da aventura que existe na incerteza
Protagonista da minha história
As vezes vilão as vezes mocinho
E ainda restam muitos capítulos a serem escritos
Tenho ainda presa aos ombros a mochila
Que agora carrega muito mais que antes
Mas ainda comporta muitas coisas
E quando o novo surge amedrontador
Tentando me convencer a recuar
Me pressionando a voltar
Inventando obstáculos para me ver desistindo
Eu fecho os olhos
E lembro daquela sala
Onde reunidas, comem, riem e convivem
Vozes familiares, gestos carinhosos e acolhimento
E assim posso seguir em frente
Porque sei, que braços abertos me esperam
No dia em que eu decidir atravessar novamente aquela porta